Silêncio de tempos
Porque a vida que levamos faz isso com a gente!
Não choro,
Meu segredo é que sou rapaz esforçado,
Fico parado, calado, quieto,
Não corro, não choro, não converso,
Mascaro meu medo,
Massacro minha dor,
Já sei sofrer.
Não preciso de gente que me oriente,
Se você me pergunta
Como vai?
Respondo sempre igual,
Tudo legal,
Mas quando você vai embora,
Movo meu rosto no espelho,
Minha alma chora.
Vejo o rio de janeiro
Comovo, não salvo, não mudo
Meu sujo olho vermelho,
Não fico calado, não fico parado, não fico quieto,
Corro, choro, converso,
E tudo mais jogo num verso
Intitulado
Mal secreto.
-Waly Salomão, musicada por Jards Macalé-
Quando em teu colo deitei a cabeça, meu camarada,
a confissão que fiz eu reafirmo,
o que eu te disse e a céu aberto
eu reafirmo: sei bem que sou inquieto
e deixo os outros também assim,
eu sei que minhas palavras são armas
carregadas de perigo e de morte,
pois eu enfrento a paz e a segurança
e as leis mais enraizadas
para as desenraizar,
e por me haverem todos rejeitado
mais resoluto sou
do que jamais poderia chegar a ser
se todos me aceitassem,
eu não respeito e nunca respeitei
experiência, conveniência,
nem maiorias, nem o ridículo,
e a ameaça do que chamam de inferno
para mim nada é, ou muito pouco,
meu camarada querido: eu confesso
que o incitei a ir em frente comigo
e que ainda o incito sem a mínima idéia
de qual venha a ser o nosso destino
ou se vamos sair vitoriosos
ou totalmente sufocados e vencidos.
Vinha de hoje, com sorte, conversando com Manoel de Barros.
Mais música! Essa eu nunca tinha pensado de experimentar da forma que experimentei. Nem um pouco de sweet nesse bitter.
Acho que o que mais me diverte em mim mesmo é minha falta de memória. Esqueço as coisas com a maior facilidade.
Texto de Herman Melville adaptado pro teatro. Mostra o perigo de não brincar do jeito que todos brincam.
Fernando Pessoa, plural como o universo
Quem costuma perder tempo lendo o que raramente escrevo aqui, já deve ter percebido que um tema que ocupa espaço neste sítio é a dificuldade de mantê-lo alimentado. Não que haja alguma dificuldade em jogar conteúdos os mais diversos, mas há de fato uma resistência tremenda de minha parte ao exercício da escrita. Escrever é sofrer. Não que seja doloroso, ou sofrido em termos físico, mas sim porque é tão difícil externar de forma tão rígida aquilo que povoa nosso interior. Somado a isso a falta de tempo que contagia a todos que vivem neste mundo contemporâneo, ocidental e capitalista.
Expressão é não caber em si. É sentir o binômio dor/prazer em sua essência. É caminhar no fio da faca ou contar que já nos cortamos.
Qualquer dia eu perco a cabeça e volto aqui.
Música é um elemento produtor de significados. E a boa música é aquela que é capaz de se ressignificar e se compôr com quem ouve, através de novas conexões, produzindo novos sentidos no espírito.
Ah!
CHOMSKY E AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA
O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:
1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais”. (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')
2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.
4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.
5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade”. (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)
6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…
7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores” (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’).
8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…
9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!
10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.
Danke Nosferatu !!!
"As pessoas demandam liberdade de expressão para compensar a liberdade de pensamento que não exercem"
Também não bebo mais.
Ainda da série "Nosso Parlamento parlamente", a campanha "TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES". Recebi essa via e-mail e a pertinência é tão grande que não tem como não passar adiante.
Foram vistas as brilhantes manobras mostradas por nosso Senado, casa maior do parlamento brasileiro que, defendendo os interesses de seu presidente, nos provou que é uma casa fiel às suas tradições trazidas do tempo em que Pindorama era só uma colônia de Portugal, abrigando seu Rei covarde e preguiçoso, e instaurando a preguiça e a morosidade como retrato e referência de boa conduta à todo o povo que aqui habitava e continua habitando.
A música me ama
Esta pérola está no site daquela que tem genes como os meus...
Sempre me intriga a capacidade do ser humano de poder torcer seu discurso, sua atitude e seus argumentos para justificar suas ações ou buscar seus interesses. Não importa para onde olhemos, em quantos metros de discurso esteja diluída, a maioria das pessoas faz ou age, na maior parte do tempo, em prol de seu próprio bem e interesse, mesmo que se seja de forma bem intencionada.
Não existe filosofia sem poesia,
Pra relaxar... um pouco da essência do trabalho de suporte à usuário...
“Moro em minha própria casa,
Nunca imitei à ninguém,
E rio de todos os mestres,
Que nunca riram de si”
Como já foi dito anteriormente, o Eterno retorno de Nietzsche consiste em um dos conceitos mais obscuros presentes na obra do filósofo prussiano; tanto por sua natureza complexa quanto pelo escasso material deixado por ele aclarando o assunto. Sua principal referência pode ser encontrada em A Gaia Ciência, no aforismo 341, onde coloca, em seu tradicional lirismo, exposta a essência do conceito:”E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" A partir deste aforismo pretendo expôr alguns aspectos que me saltaram aos olhos de forma à me auxiliar na compreensão ou colocar obstáculos à mesma desviando meus olhos do cominho proposto pelo professor da Basiléia.
Antes de mais nada, percebi que além da exposição do conceito, Nietzsche versa sobre quais atitudes seriam possíveis perante a ciência de tão angustiante – ou reconfortante- idéia. Primeiramente vou me ater a isso, as possibilidades apresentadas como possíveis perante este anúncio feito pelo demônio-deus. A do homem que renega e do homem que abraça. O que separa a ambos? Que tamanha diferença compartilham para que tenham tal abismo entre si? Porém, antes de mais nada, vale lembrar que tal qual qualquer filósofo anterior ou posterior, Nietzsche busca à Verdade e somente à ela jura lealdade, mostrando claramente, perante os dois possíveis caminhos, qual é aquele que conduz o homem em direção à ela e portanto à sua felicidade e realização plenas.
Gostaria de iniciar lembrando que é prudente localizar o filósofo prussiano como, antes de mais nada, um defensor do movimento da vida, um adorador do sentido trágico da existência, sentido este que longe de buscar ditar regras ao eterno devir de todas as coisas, caminha a seu lado, fazendo-se à altura de ser considerado um amante da vida tal como ela. Sua antítese, revelada no fragmento, porta-se como um legislador, fracassado, um frustrado herdeiro da cristandade, desejoso e idealizador da satisfação que não lhe é assegurada nem garantida, nesta ou em qualquer outra vida que por ventura possa-se vir a ter, creia-se ou não.
Nietzsche leva às últimas consequências a idéia de que a vida não assina contratos e não aceita o jugo imposto por quem quer que seja. E quem irá legislar por cima da vida? Atelie de nossa existência, onde longe de sermos os artistas, nos realizamos sendo a obra da construção do eterno pulsar da existência que se desfralda perante nós e nos leva, tal qual cavaleiro que não usa rédeas, mas do contrário aceita ser conduzido para o destino que, inevitável, torna-se prazeiroso ao ser visto como amante e mestre.
Desta forma o autor demonstra as duas possíveis reações perante a revelação do eterno retorno de todas as dores e todos os prazeres. A primeira, herdeira da tradição legisladora da conceituação ocidental, com as bençãos de Paulo de Tarso, retrata o peso da frustração perante a falta de controle imanente da forma que o desenrolar da existência nos arrasta, de tal forma acorrentado pelo pescoço em seu fluxo, que jamais permite que haja controle; a asfixia da revelação de nossa insignificância perante o brotar, a força constante que arrasta o homem e não permite jamais que nos ergamos para respirar e ver a luz de platônica, que deveria nos aclarar e desvendar o mundo tal qual ele é. Então, com isso mostra o amigo demônio que tal luz, longe de nos dar a segurança desejada, o conforto e a linha reta, sequer existe. Por tal razão amaldiçoa o demônio, sua verdade e quiçá o autor que redige linhas que contém tamanho desvio. Maldita a pena que redigiu estas linhas e que fazem seus dentes rangerem e o edifício da mecanicidade e do desfrutar do mundo ruir, vindo por terra ao som filarmônico da melodia da verdade da existência.
De outra feita, Nietzsche nos apresenta àquele que viveu “alguma vez um instante descomunal” e, inebriado por tamanha experiência, reconhece na verdade dita pelo amigo demônio, tornado em deus, a medida do desenrolar da existência e da falta de desejo e de possibilidade de que tudo venha a ser de outra forma, se deita ao leito trágico da vida e se faz desta seu amante, companheiro e pleno vontade que ela seja tal como é, hoje e sempre, sem que haja morte possível que o separe, nem felicidade maior que o complete, pois que a realidade do mundo tal como ele é se desfralda perante seus olhos e ouvidos e o preenche de saber, tornando-o filósofo e homem, vida e morte, amor e ódio, pleno e satisfeito com seu amor pelo saber. E há algo mais pleno de si que o filósofo que, ouvindo a verdade sendo dita por aquele que dela compartilha e conhece, o demônio deus do saber, não se preencha e deseje que ela seja eterna assim como a existência que leva?
Sinto no fundo da garganta ao ler o aforismo 341, mais do que a exposição de um conceito acerca do funcionamento do mundo, da impossibilidade da geração de novas experiências, ou da criação de novas vidas e situações, assunto por demais obscuro e que merece uma apreciação de melhores do que eu para que este não seja tal como mulher madura cortejada por meninos. Reconheço ao ler o aforismo, nesse momento, a minha impossibilidade, ou talvez a imposibilidade eterna da compreensão dos mecanismos da existência. E talvez por isso o velho mestre não se prolongue, ou torne mais claro, em seu mais célebre aforismo, “O mais pesado dos pesos” sobre os meandros do conceito que apresenta. Sinto a exibição de mais uma apresentação daquilo que o filósofo considera como sendo a postura necessária não somente para o filósofo, mas para o homem em geral. Uma postura que traga ao homem uma possibilidade de felicidade, de realização perante ao mundo enquanto parte do mesmo, como ser que compartilha e reconhece que faz do mundo que o cerca, como parte integrante e não como figura arrogante que pretende dominar e escravizar este mundo para que satisfaça a sua necessidade de sobrevivência, de controle ou de poder.
O poder do homem, representado pela busca do filósofo pela verdade, reside na capacidade, ou talvez na possibilidade de, reconhecer a vida tal como ela se mostra e, na anuência destes processos, fazer-se digno de agir de acordo com isso e realizar plenamente a sua própria existência. De novo, novamente, incansável e apaixonadamente, desejoso de estar no mundo e dele sentir o devir e ocaso de tudo, no eterno ballet de “cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande” feliz de, conhecendo o mundo como ser inserido neste, se faz digno e feliz de poder tal como não posso, agora, menino, decifrar o mistério do Eterno Retorno, cortejar a existência como seu amante fiel, maduro e ciente de tudo o que está em jogo e aceitando em seu leito tudo aquilo que a vida, amada, tem para nos oferecer.
Um pensamento que me ocorre: o que seria do mundo sem a compreensão humana...
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