Porque a vida que levamos faz isso com a gente!

5.03.2011

Nosso tema principal

Quem costuma perder tempo lendo o que raramente escrevo aqui, já deve ter percebido que um tema que ocupa espaço neste sítio é a dificuldade de mantê-lo alimentado. Não que haja alguma dificuldade em jogar conteúdos os mais diversos, mas há de fato uma resistência tremenda de minha parte ao exercício da escrita. Escrever é sofrer. Não que seja doloroso, ou sofrido em termos físico, mas sim porque é tão difícil externar de forma tão rígida aquilo que povoa nosso interior. Somado a isso a falta de tempo que contagia a todos que vivem neste mundo contemporâneo, ocidental e capitalista.
 
O tema é sempre algo difícil de ser escolhido. Normalmente não por uma abundância, mas ao contrário por uma escassez. O confronto com o papel em branco aterroriza o pensamento, que outrora fervilhava de idéias e raciocínios. A expressão mostra-se um exercício de corte, de formato. Requer um estranhamento com um qualquercoisa que mova o pensar em direção a essa forma-texto, do contrário entra no turbilhão do espírito e se completa com todos os outros processos que o ocupam, sejam estes úteis, ou práticos, sejam as vagas do pensar que o estudo da filosofia provoca naquele que se expõe a ele. E cá entre nós, muitas das coisas que lemos por aí, e por aqui também, creio, deixam de fazer sentido, pois a conversa é exatamente entre a pessoa e seu turbilhão interno. Aqui é assim e criei o espaço pra isso.
 
Mas a questão do porque escrever é pungente. Sendo dotado de uma conversa interna, que é coerente para si, pra que tentar comunicar? Respondo. Por que tem coisas que não cabem em nós. Nossos motivos, nossos motores, muitas vezes não são suficientes somente para nós e mesmo correndo o risco da incompreensão, que é um limite do leitor e não do autor, fazemos o esforço de exprimi-los, comprimi-los, reduzi-los e finalmente exprimi-los. Escrever é sofrer, mutilar-se. Mas viver também. A vida implica na expressão e o desejo desta conduz à escrita.
 

Expressão é não caber em si. É sentir o binômio dor/prazer em sua essência. É caminhar no fio da faca ou contar que já nos cortamos.
 
Qualquer dia eu perco a cabeça e volto aqui.