Porque a vida que levamos faz isso com a gente!

8.15.2012

Silêncio de tempos

Muito tempo sem poesia.
Muita cabeça que eu já perdi.
Temo que desta vez, 
me perdi o coração.

1.06.2012

Poesia dos outros para não falar das minhas..

Não choro,
Meu segredo é que sou rapaz esforçado,
Fico parado, calado, quieto,
Não corro, não choro, não converso,
Mascaro meu medo,
Massacro minha dor,
Já sei sofrer.
Não preciso de gente que me oriente,
Se você me pergunta
Como vai?
Respondo sempre igual,
Tudo legal,
Mas quando você vai embora,
Movo meu rosto no espelho,
Minha alma chora.
Vejo o rio de janeiro
Comovo, não salvo, não mudo
Meu sujo olho vermelho,
Não fico calado, não fico parado, não fico quieto,
Corro, choro, converso,
E tudo mais jogo num verso
Intitulado
Mal secreto.


-Waly Salomão, musicada por Jards Macalé-

10.13.2011

Putz... fica aí em comentário ao aniversário que passou comigo calado...

Quando em teu colo deitei a cabeça
 

Quando em teu colo deitei a cabeça, meu camarada,
a confissão que fiz eu reafirmo,
o que eu te disse e a céu aberto
eu reafirmo: sei bem que sou inquieto
e deixo os outros também assim,
eu sei que minhas palavras são armas
carregadas de perigo e de morte,
pois eu enfrento a paz e a segurança
e as leis mais enraizadas
para as desenraizar,
e por me haverem todos rejeitado
mais resoluto sou
do que jamais poderia chegar a ser
se todos me aceitassem,
eu não respeito e nunca respeitei
experiência, conveniência,
nem maiorias, nem o ridículo,
e a ameaça do que chamam de inferno
para mim nada é, ou muito pouco,
meu camarada querido: eu confesso
que o incitei a ir em frente comigo
e que ainda o incito sem a mínima idéia
de qual venha a ser o nosso destino
ou se vamos sair vitoriosos
ou totalmente sufocados e vencidos.


 
 

9.01.2011



8.03.2011

A tragédia na Tragédia


"Contrariamente à epopéia e à poesia lírica, onde jamais o homem é apresentado enquanto agente, a tragédia situa , logo de início, o indivíduo na encruzilhada da ação, face a uma decisão que o engaja por completo; mas essa inelutável escolha opera-se num mundo de forças obscuras e ambíguas, um mundo dividido onde "uma justiça luta contra outra justiça", um deus contra um deus, onde o direito nunca está fixo, mas desloca-se no decorrer mesmo da ação, "vira" e transforma-se em seu contrário. O homem acredita optar pelo bem; prende-se a ele com toda sua alma; e é o mal que ele escolheu, revelando-se, pela polução da falta cometida, um criminoso." – J. P. Vernant – Édipo sem complexo, in Mito e Tragédia na Grécia Antiga
 
 


 
 
 

5.23.2011

MAisNOEL

Vinha de hoje, com sorte, conversando com Manoel de Barros.
Manoel me lembra de gostar de escrever.
Vim burilando na cabeça um trabalho de Filosofia que escrevia.
Manoel chamou Bernardo e a mulher de sete peitos para abrir meu horizonte (calma que é poesia, meu amor)
Escrevia sobre a natureza.
Manoel torceu a natureza bem na minha frente e eu achei engraçado.
Vim rindo que nem criança, junto às pessoas que íam passar oito horas desaprendendo o mundo.
Ri delas e ri de mim.
Ninguém nem se dava conta que dentro de mim se rasgava e costurava o tecido do texto,
torcendo sentidos.
Depois de um fim de semana procurando o sentido, torcendo o bom senso eu encontrei.
Mas ele não estava pronto ainda usava pijamas, remelento, coberto de preguiça.
Nem bem acordou e eu já tava lá torcendo ele.
Porque escrever sério, usando o sentido como se tecido fizesse roupa.
Essa segunda feira eu achei de dizer que a natureza se conhece no pedaço de céu que eu tenho em casa,
aquele que fica por detrás da laranjeira do meu vizinho, na parte de cima da minha rede.
Ontem quando olhei não vi porque tentar prender ele dentro do livro.
Melhor ainda foi achar ele hoje, no Metrô.
Mas o Metrô fica embaixo da terra! Como foi que viu o céu?
Vi porque Manoel me lembrou que o horizonte se abre com três linhas de teia de aranha
e não com muitas linhas de prosa.


 
 
 
 


5.18.2011

Pra que pedir perdão

Mais música! Essa eu nunca tinha pensado de experimentar da forma que experimentei. Nem um pouco de sweet nesse bitter.
 

Pra que pedir perdão?

(Moacyr Luz e Aldir Blanc)

Se é pra recordar dessa maneira,
sempre causando desprazer,
jogando fora a vida em mais uma bebedeira,
ó, sinceramente, é preferível me esquecer
 
Eu te prometi mundos e fundos
mas não queria te magoar
Eu não resisto aos botequins mais vagabundos
mas não pretendia te envergonhar

marquei bobeira...
 
Vi muitas vezes o destino
ir na direção errada
e a bondade virar completo desatino
a carícia se transformando em bofetada
 
Ah, eu sou rolimã numa ladeira
não tenho o vício da ilusão:
hoje, eu vejo as coisas como são
e estrela é só um incêndio na solidão

Se eu feri teu sonho em pleno vôo
pra que pedir perdão se eu não me perdôo?
 
 
 
continuar assim, daqui a pouco exporto fel como commoditie.

5.06.2011

"Com pedaços de mim eu monto um ser atônito" - Manoel de Barros

Acho que o que mais me diverte em mim mesmo é minha falta de memória. Esqueço as coisas com a maior facilidade.
 
Normalmente isso é visto como algo prejudicial, como se houvesse uma certa infidelidade em nossa mente. Um descompromisso com o percebido.
 
Cá por mim não penso assim. Sou meio que nem peixe que redescobre o aquário a cada volta que dá. Vivo reencontrando coisas que admiro. Não que encontre agora, ande um pouco e encontre de novo. Reencontro pois esqueço. Esqueço e quando me vejo perante, admiro novamente. Normalmente essa segunda admiração me faz recordar do primeiro encontro e aí, à alegria da admiração, do contemplar algo que sinto compor comigo, soma-se uma segunda alegria, a de saber que apesar de esquecido, meu admirar é meu mesmo. Não é uma dimensão pontual e recortada. É uma sintonia de mim comigo mesmo.
 
Falo isso porque ontem lembrei que poesia é uma coisa que desperta em mim sentimentos muito raros. Ontem me reencontrei com a poesia através de Manoel de Barros. Sua grandiosidade de observar pequenos movimentos, de torcer a palavra e com ela o mundo.
 
Poesia é uma grande inspiração para que possamos lembrar sempre que o mundo que vemos ou é criado por nós a cada momento ou é aceito por nós a cada volta. O primeiro mundo envolve nosso ambiente interno com nossa fauna e flora internas produzindo sentidos e afectos e vai sempre, necessáriamente produzir uma diferenciação deste mundo que entra em nós por nossos sentidos. Podendo ou não produzir novas composições externas, perceptíveis por aqueles que não compartilham este mesmo afecto. A essência do artista é essa, produzir e reproduzir novas composições e permitir que novos "afectos e perceptos" possam ser criados nos observadores. A segunda forma de ver o mundo implica em uma tentativa de replicação do mundo dito concreto, com seus processos e métodos, resulta numa tentativa de continuidade, uma repetição em preto e branco, incompleta. "As coisas não podem ser e não ser a mesma coisa no mesmo momento". Essas duas posições não são necessariamente antitéticas ou contraditórias o tempo todo, uma vez que a cada momento nos é dada escolher entre um mundo ou meu mundo.
 
Juntando duas formas de arte que considero como fundamentais para minha composição interna, cinema e poesia, tive um reencontro com a poesia. Não que tenha havido um afastamento. Acho sempre que tem um Leminski sugerindo hai kais ao invés de um anjinho ou diabinho no meu ombro. Óbvio que nem sempre damos atenção à um ou outro e tampouco eu à esse diabanjinho curitibano. É mais como um: "É por isso que eu gosto de tal coisa", uma reverberação. E não é só no sentido da arte poética, por suas regras e formas. É como se desse uma concomitância de pensamento em mim e com a obra. Uma plenitude de sentido que é só meu. Eu que vejo, reconheço na obra um pedaço de mim.
E quando esqueço e reencontro, posso sentir que não só reconheço um pedaço de mim ali, mas que ali já o havia antes - isso já passou por mim e produzindo um novo clarão de admirância, encontrou outro que ali cochilava.
 
 
 
O olho vê,
a lembrança revê,
e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.
 
- Manoel de Barros -
 
 
Assistindo e recomendando: Só dez por cento é mentira - a desbiografia oficial de Manoel de Barros. - de Pedro Cezar
http://www.sodez.com.br
 


5.03.2011

Bartleby, O Escriturário

Texto de Herman Melville adaptado pro teatro. Mostra o perigo de não brincar do jeito que todos brincam.

Bartleby, O Escriturário
Espetáculo é uma adaptação de uma novela do autor de Moby Dick


A peça é uma adaptação para teatro da novela homônima do célebre romancista norte-americano Herman Melville, autor de Moby Dick. Bartleby é um conto que revela o curioso e, às vezes, trágico rumo que a vida pode tomar quando alguém ousa romper com os rígidos padrões pré-estabelecidos. A história é narrada por um advogado de Wall Street, homen de meia idade, cercado por severos padrões da sociedade de seu tempo. Possuindo a firme convicção de que “a melhor maneira de se viver é de se encarar tudo com tranqüilidade”. Para este homem, o primeiro mérito é a prudência e o segundo o método. Em seu escritório de advocacia, convive com estranhos personagens que realizam o ofício “robotizante” de “copista”, ou seja, profissionais que passam dias, meses, anos, reproduzindo longos processos.

Autoria: Herman Melville
Direção: João Batista
Elenco: Duda Mamberti, Gustavo Falcão, Claudio Gabriel e Eduardo Rieche

19 a 29 de maio de 2011 (de quinta-feira a sábado, 21h, e domingo, 19h), e de 07 de junho a 27 de julho de 2011 (terças e quartas-feiras, às 21h)
Local:Teatro Laura Alvim
Informações:Classificação indicativa: 12 anos Ingressos: R$20 / R$10 (meia)

http://www.cultura.rj.gov.br/evento/bartleby-o-escriturario

É poesia, mas usa o heterônimo de exposição.

Fernando Pessoa, plural como o universo
Exposição apresenta obra do poeta e de seus personagens fictícios

Depois de levar mais de 190 mil pessoas ao Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, a obra de um dos maiores poetas da língua portuguesa do século XX será celebrada no Centro Cultural Correios, no Centro do Rio, até 22 de maio. Em Fernando Pessoa, plural como o universo, o público terá a oportunidade de conhecer, ou reconhecer, algumas de suas personas, que se revelam nos versos assinados por seus heterônimos – personagens-poetas com identidade própria.Com curadoria de Carlos Felipe Moisés e Richard Zenith e projeto cenográfico assinado por Helio Eichbauer, a exposição mostrará toda a multiplicidade da obra de Pessoa e pretende conduzir o visitante a uma viagem sensorial pelo universo do poeta, fazendo-o ler, ver, sentir e ouvir a materialidade de suas palavras.A exposição Fernando Pessoa, plural como o universo é uma realização da Fundação Roberto Marinho; com patrocínio da Rede Globo, do Itaú, do Banco Caixa Geral - Brasil e da Fundação Calouste Gulbenkian; apoio do Consulado Geral de Portugal, em São Paulo, da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, do Centro Cultural Correios, do Rio de Janeiro, do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, e do Ministério da Cultura por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura; e produção da Fazer Arte.

De 25 de março a 22 de maio de 2011
De terça-feira a domingo, das 12 às 19h
Local:Centro Cultural Correios
Informações:Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro - Rio de Janeiro

Entrada franca

www.visitefernandopessoa.org.br



http://www.cultura.rj.gov.br/evento/fernando-pessoa-plural-como-o-universo

Nosso tema principal

Quem costuma perder tempo lendo o que raramente escrevo aqui, já deve ter percebido que um tema que ocupa espaço neste sítio é a dificuldade de mantê-lo alimentado. Não que haja alguma dificuldade em jogar conteúdos os mais diversos, mas há de fato uma resistência tremenda de minha parte ao exercício da escrita. Escrever é sofrer. Não que seja doloroso, ou sofrido em termos físico, mas sim porque é tão difícil externar de forma tão rígida aquilo que povoa nosso interior. Somado a isso a falta de tempo que contagia a todos que vivem neste mundo contemporâneo, ocidental e capitalista.
 
O tema é sempre algo difícil de ser escolhido. Normalmente não por uma abundância, mas ao contrário por uma escassez. O confronto com o papel em branco aterroriza o pensamento, que outrora fervilhava de idéias e raciocínios. A expressão mostra-se um exercício de corte, de formato. Requer um estranhamento com um qualquercoisa que mova o pensar em direção a essa forma-texto, do contrário entra no turbilhão do espírito e se completa com todos os outros processos que o ocupam, sejam estes úteis, ou práticos, sejam as vagas do pensar que o estudo da filosofia provoca naquele que se expõe a ele. E cá entre nós, muitas das coisas que lemos por aí, e por aqui também, creio, deixam de fazer sentido, pois a conversa é exatamente entre a pessoa e seu turbilhão interno. Aqui é assim e criei o espaço pra isso.
 
Mas a questão do porque escrever é pungente. Sendo dotado de uma conversa interna, que é coerente para si, pra que tentar comunicar? Respondo. Por que tem coisas que não cabem em nós. Nossos motivos, nossos motores, muitas vezes não são suficientes somente para nós e mesmo correndo o risco da incompreensão, que é um limite do leitor e não do autor, fazemos o esforço de exprimi-los, comprimi-los, reduzi-los e finalmente exprimi-los. Escrever é sofrer, mutilar-se. Mas viver também. A vida implica na expressão e o desejo desta conduz à escrita.
 

Expressão é não caber em si. É sentir o binômio dor/prazer em sua essência. É caminhar no fio da faca ou contar que já nos cortamos.
 
Qualquer dia eu perco a cabeça e volto aqui.

 

 


Ainda musical

Música é um elemento produtor de significados. E a boa música é aquela que é capaz de se ressignificar e se compôr com quem ouve, através de novas conexões, produzindo novos sentidos no espírito.
Música é sempre uma experiência pontual. Assim, a  cada vez que ouvimos uma música, pela mesma que seja, somos capazes de identificá-la com elementos atuantes imediatamente em nosso espírito. Possibilitando que sempre alcemos novos patamares, sejam de compreensão ou mesmo a possibilidade de um novo clarão no espírito.
 
 
 
Sou um animal sentimental
Me apego facilmente ao que desperta meu desejo
Tente me obrigar a fazer o que não quero
E você vai logo ver o que acontece.
Acho que entendo o que você quis me dizer
Mas existem outras coisas.
 
Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade,
Tudo está perdido mas existem possibilidades.
Tínhamos a idéia, mas você mudou os planos
Tínhamos um plano, você mudou de idéia
Já passou, já passou - quem sabe outro dia.
 
Antes eu sonhava, agora já não durmo
Quando foi que competimos pela primeira vez?
O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe
Não entendo terrorismo, falávamos de amizade.
 
Não estou mais interessado no que sinto
Não acredito em nada além do que duvido
Você espera respostas que eu não tenho mas
Não vou brigar por causa disso
Até penso duas vezes se você quiser ficar.
 
Minha laranjeira verde, por que está tão prateada?
Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada
Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço
Enquanto o caos segue em frente
Com toda a calma do mundo.

 
- Sereníssima - Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá


 
 
 


4.08.2011

Ah!
Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco, praia, carro
Jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco...
É você olhar no espelho
Se sentir
Um grandessíssimo idiota
Saber que é humano
Ridículo, limitado
Que só usa dez por cento
De sua cabeça animal...
E você ainda acredita
Que é um doutor
Padre ou policial
Que está contribuindo
Com sua parte
Para o nosso belo
Quadro social...
Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar...
Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador...
 


de vagar,
ainda acabo
voltando

10.01.2010

conforme visto em: Perdido na Província

8.12.2010

CHOMSKY E AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA

O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais”. (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade”. (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores” (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’).

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.



Danke Nosferatu !!!

6.24.2010

Um pouco de safadeza...

retirado do singelo site

6.13.2008

"As pessoas demandam liberdade de expressão para compensar a liberdade de pensamento que não exercem"
Søren Kierkegaard

1.21.2008

Nunca mais eu volto aqui!

Também não bebo mais.

Parei de mentir.

Agora sou um agente do Sistema. Um Man in Black. Caçador de inadimplentes.

Agora só escrevo o que manda o normativo, só respiro o que autoriza o COPOM e só respondo a quem trás o CPF em mãos. Devidamente atualizado na Receita Federal.

Só deixaram que mantivesse minha canalhice e o alto teor cretino do que digo.

De que outra forma se pode agir em prol do Sistema?

9.18.2007

TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

Ainda da série "Nosso Parlamento parlamente", a campanha "TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES". Recebi essa via e-mail e a pertinência é tão grande que não tem como não passar adiante.

Como sempre, não vai adiantar nada mas serve pra gente destilar nossa revolta e exercitar o nosso direito a reclamar, afinal de contas, reclamar ainda é de graça. Se não fosse, o colega professor que redigiu o texto da campanha certamente não o teria feito pois seu salário não permitiria.

Segue aí mais um sketch dessa comédia pastelão chamada Brasil.


"TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

...e aí sim teremos um Brasil melhor, + politizado, + consciente, menos dependente de programas assistenciais e com um povo menos omisso)

Prezado amigo: Bom dia!

Sou professor de Física, de ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00 Eu fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é R$650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que outros
colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem minguados R$440,00.

Será que alguém acha que, com um salário assim, a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar? Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade!

Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social. Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro! Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$10,2 milhões por ano. São os
parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$11.545. Na Itália, são gastos com parlamentares R$3,9 >milhões, na França, pouco mais de R$2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e na vizinha Argentina, R$1,3
milhões.

Trocando em miudos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior !

Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha,na qual o lema será:

"TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES".



Vamos lá! passe a frente."



Isso aí, passe adiante fazendo favor. Até porque, não vamos até Brasília pra fazer pressão mesmo. É longe, seco, árido e ninguém vai pagar propina pra gente por isso. E, afinal de contas, quem não vai à Brasília receber propina, vai pra reclamar de quem recebe. E para esses últimos, para que eu não seja totalmente injusto, fica a sugestão de esquecermos esse papo de Planalto Central e refundarmos a capital de um novo país em algum lugar mais agradável e ao alcance dos braços do povo, para exaltá-los ou comê-los de porrada.

9.17.2007

Nosso Parlamento parlamente!

Foram vistas as brilhantes manobras mostradas por nosso Senado, casa maior do parlamento brasileiro que, defendendo os interesses de seu presidente, nos provou que é uma casa fiel às suas tradições trazidas do tempo em que Pindorama era só uma colônia de Portugal, abrigando seu Rei covarde e preguiçoso, e instaurando a preguiça e a morosidade como retrato e referência de boa conduta à todo o povo que aqui habitava e continua habitando.
Vendo tamanho exemplo de feudalismo, corrupção, semvergonhice e leviandade, sinto-me compelido à fazer um elogio a tal exemplo de brasilidade, de afeto pelo poder público e das facilidades que só uma cadeira parlamentar em Pindorama podem oferecer àqueles que tanto lutam pelo povo brasileiro; para que este continue satisfeito e feliz como somos e continuemos endossando e elegendo esta casta de fariseus que nos protege e nos guia dia e noite, tendo em mente sempre a honra e a proteção do estado brasileiro e de seu povo enquanto patrocinadores da vida nababesca que levam.
Como minhas musas infelizmente tiraram férias nesse assunto, busco no Rock nacional dos anos 80, quando ainda havia esperança e ilusão de mudanças no coração do povo brasileiro. Fala Roger e seu Ultraje à Rigor.


Filha Da Puta
(Roger)


Morar nesse país
É como ter a mãe na zona
Você sabe que ela não presta
E ainda assim adora essa gatona
Não que eu tenha nada contra
Profissionais da cama
Mas são os filhos dessa dama
Que você sabe como é que chama
Filha da puta
É tudo filho da puta
É uma coisa muito feia
E é o que mais tem por aqui
E sendo nós da Pátria filhos
Não tem nem como fugir
E eu não vi nenhum tostão
Da grana toda que ela arrecadou
Na certa foi parar na mão
De algum maldito gigolô
Filha da puta
É tudo filho da puta
'Cês me desculpem o palavrão
Eu bem que tentei evitar
Mas não achei outra definição
Que pudesse explicar
Com tanta clareza
Aquilo tudo que a gente sente
A terra é uma beleza
O que estraga é essa gente
Filha da puta
É tudo filho da puta


Se por um acaso ofendi alguém descrevendo algumas coisas muy desagradáveis como características de nosso povo e país, pode reclamar no link pros comentários abaixo.
Até porque, sei que você não vai até Brasília pra fazer isso mesmo.
Só digo uma coisa, assim como aconteceria na capital federal, sua reclamação não vai adiantar porra nenhuma,mas você é livre pra tentar me convencer, quem sabe assim não pratica um pouco desta liberdade de expressão que dizem que temos discutindo algum assunto e treina pra se um dia resolver se acreditar como alguém passível de ser atuante e pertinente para melhorar suas próprias condições de vida.

9.13.2007







Carta de recomendação de um Filósofo.
"Com o julgamento dos anjos e dos santos, por meio desta, excomungamos, execramos e anatematizamos Baruch de Spinoza. Maldito seja de dia e de noite, maldito ao deitar e ao se levantar, maldito ao sair e ao entrar.
O Senhor apagará seu nome de sob o sol e o expulsará por seus malefícios de todas as tribos de Israel.
Ninguém pode falar-lhe diretamente ou por escrito, nem fazer favor algum ou estar sob o mesmo teto que ele , nem se aproximar menos de quatro côvados ou ler qualquer documento que tenha escrito ou ditado."



Ato de banimento e excomunhão de Baruch de Spinoza- Amsterdã, julho de 1656.

9.11.2007

6 anos!

Porque o inimaginável pode acontecer se você tiver a ferramenta certa à mão.

8.02.2007

Ofício (P.C. Pinheiro)

A música me ama
Ela me deixa fazê-la
A música é uma estrela
Deitada na minha cama

Ele me chega sem jeito
Quse sem eu perceber
Quando dou conta e vou ver
Ela já entrou no meu peito

No que ela entra a alma sai
Fica o meu corpo sem vida
Volta depois comovida
E eu nunca soube onde vai

Meu olho dana a brilhar
Meu deo corre o papel
E a voz repete o cordel
Que se derrama do olhar

Quando termino meu canto
Depois de o bem repetir
Sinto-lhe aos poucos partir
Quebrando enfim todo o encanto

Fico algum tempo perdido
Até me recuperar
Quase sem acreditar
Se tudo teve sentido

A música parte e eu desperto
Pro mundo cruel que aí está
Com medo de ela não voltar
Mas ela está sempre por perto

Nada que existe é mais forte
E eu quero aprender-lhe a medida
De como compõe minha vida
Que é para compor minha morte

6.25.2007

Torturas que as mulheres sofrem...

Esta pérola está no site daquela que tem genes como os meus...
Tive que linkar aqui como um exemplo, uma denúncia, uma comédia do feroz universo feminino.

Tortura Moderna

Quero ver discutir a natureza da beleza depois dessa...

5.24.2007

Primeira e única pessoa do singular.

Sempre me intriga a capacidade do ser humano de poder torcer seu discurso, sua atitude e seus argumentos para justificar suas ações ou buscar seus interesses. Não importa para onde olhemos, em quantos metros de discurso esteja diluída, a maioria das pessoas faz ou age, na maior parte do tempo, em prol de seu próprio bem e interesse, mesmo que se seja de forma bem intencionada.

A vontade e a própria barriga regem o mundo e por incrível que pareça, acho que o mundo está na boa com isso uma vez que, freqüentemente estranhamos aqueles que abrem a boca para dizer qualquer coisa que, sendo justa, possa ir contra seu próprio bem-estar.

Recebi agorinha mesmo, vindo de uma pessoa caríssima para mim, uma brincadeira que exemplificou este estranhamento que me acompanha e me estranha também.


Veja abaixo:

2.16.2007

philoésys

Não existe filosofia sem poesia,
não existe pensamento sem arte.
Se do pensar, tiramos a beleza,
do que é que ele faz parte?

Sempre me considerei melhor proseador
do que sou poeteiro,
Por exemplo, veja que rima feia
Se digo que o verso me toma por inteiro

Mas o pensamento,
Veja só com que beleza que ele sai:
To gar auto nóein
estin te kai einai

1.25.2007

Pra relaxar... um pouco da essência do trabalho de suporte à usuário...
Cuidado, usuário com linguagem de baixo calão, não apropriado para pessoas com ouvidos sensíveis. Nem pra quem não pode rir alto no trabalho...

O peso mais pesado

“Moro em minha própria casa,

Nunca imitei à ninguém,

E rio de todos os mestres,

Que nunca riram de si”



Como já foi dito anteriormente, o Eterno retorno de Nietzsche consiste em um dos conceitos mais obscuros presentes na obra do filósofo prussiano; tanto por sua natureza complexa quanto pelo escasso material deixado por ele aclarando o assunto. Sua principal referência pode ser encontrada em A Gaia Ciência, no aforismo 341, onde coloca, em seu tradicional lirismo, exposta a essência do conceito:”E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" A partir deste aforismo pretendo expôr alguns aspectos que me saltaram aos olhos de forma à me auxiliar na compreensão ou colocar obstáculos à mesma desviando meus olhos do cominho proposto pelo professor da Basiléia.

Antes de mais nada, percebi que além da exposição do conceito, Nietzsche versa sobre quais atitudes seriam possíveis perante a ciência de tão angustiante – ou reconfortante- idéia. Primeiramente vou me ater a isso, as possibilidades apresentadas como possíveis perante este anúncio feito pelo demônio-deus. A do homem que renega e do homem que abraça. O que separa a ambos? Que tamanha diferença compartilham para que tenham tal abismo entre si? Porém, antes de mais nada, vale lembrar que tal qual qualquer filósofo anterior ou posterior, Nietzsche busca à Verdade e somente à ela jura lealdade, mostrando claramente, perante os dois possíveis caminhos, qual é aquele que conduz o homem em direção à ela e portanto à sua felicidade e realização plenas.

Gostaria de iniciar lembrando que é prudente localizar o filósofo prussiano como, antes de mais nada, um defensor do movimento da vida, um adorador do sentido trágico da existência, sentido este que longe de buscar ditar regras ao eterno devir de todas as coisas, caminha a seu lado, fazendo-se à altura de ser considerado um amante da vida tal como ela. Sua antítese, revelada no fragmento, porta-se como um legislador, fracassado, um frustrado herdeiro da cristandade, desejoso e idealizador da satisfação que não lhe é assegurada nem garantida, nesta ou em qualquer outra vida que por ventura possa-se vir a ter, creia-se ou não.

Nietzsche leva às últimas consequências a idéia de que a vida não assina contratos e não aceita o jugo imposto por quem quer que seja. E quem irá legislar por cima da vida? Atelie de nossa existência, onde longe de sermos os artistas, nos realizamos sendo a obra da construção do eterno pulsar da existência que se desfralda perante nós e nos leva, tal qual cavaleiro que não usa rédeas, mas do contrário aceita ser conduzido para o destino que, inevitável, torna-se prazeiroso ao ser visto como amante e mestre.

Desta forma o autor demonstra as duas possíveis reações perante a revelação do eterno retorno de todas as dores e todos os prazeres. A primeira, herdeira da tradição legisladora da conceituação ocidental, com as bençãos de Paulo de Tarso, retrata o peso da frustração perante a falta de controle imanente da forma que o desenrolar da existência nos arrasta, de tal forma acorrentado pelo pescoço em seu fluxo, que jamais permite que haja controle; a asfixia da revelação de nossa insignificância perante o brotar, a força constante que arrasta o homem e não permite jamais que nos ergamos para respirar e ver a luz de platônica, que deveria nos aclarar e desvendar o mundo tal qual ele é. Então, com isso mostra o amigo demônio que tal luz, longe de nos dar a segurança desejada, o conforto e a linha reta, sequer existe. Por tal razão amaldiçoa o demônio, sua verdade e quiçá o autor que redige linhas que contém tamanho desvio. Maldita a pena que redigiu estas linhas e que fazem seus dentes rangerem e o edifício da mecanicidade e do desfrutar do mundo ruir, vindo por terra ao som filarmônico da melodia da verdade da existência.

De outra feita, Nietzsche nos apresenta àquele que viveu “alguma vez um instante descomunal” e, inebriado por tamanha experiência, reconhece na verdade dita pelo amigo demônio, tornado em deus, a medida do desenrolar da existência e da falta de desejo e de possibilidade de que tudo venha a ser de outra forma, se deita ao leito trágico da vida e se faz desta seu amante, companheiro e pleno vontade que ela seja tal como é, hoje e sempre, sem que haja morte possível que o separe, nem felicidade maior que o complete, pois que a realidade do mundo tal como ele é se desfralda perante seus olhos e ouvidos e o preenche de saber, tornando-o filósofo e homem, vida e morte, amor e ódio, pleno e satisfeito com seu amor pelo saber. E há algo mais pleno de si que o filósofo que, ouvindo a verdade sendo dita por aquele que dela compartilha e conhece, o demônio deus do saber, não se preencha e deseje que ela seja eterna assim como a existência que leva?

Sinto no fundo da garganta ao ler o aforismo 341, mais do que a exposição de um conceito acerca do funcionamento do mundo, da impossibilidade da geração de novas experiências, ou da criação de novas vidas e situações, assunto por demais obscuro e que merece uma apreciação de melhores do que eu para que este não seja tal como mulher madura cortejada por meninos. Reconheço ao ler o aforismo, nesse momento, a minha impossibilidade, ou talvez a imposibilidade eterna da compreensão dos mecanismos da existência. E talvez por isso o velho mestre não se prolongue, ou torne mais claro, em seu mais célebre aforismo, “O mais pesado dos pesos” sobre os meandros do conceito que apresenta. Sinto a exibição de mais uma apresentação daquilo que o filósofo considera como sendo a postura necessária não somente para o filósofo, mas para o homem em geral. Uma postura que traga ao homem uma possibilidade de felicidade, de realização perante ao mundo enquanto parte do mesmo, como ser que compartilha e reconhece que faz do mundo que o cerca, como parte integrante e não como figura arrogante que pretende dominar e escravizar este mundo para que satisfaça a sua necessidade de sobrevivência, de controle ou de poder.

O poder do homem, representado pela busca do filósofo pela verdade, reside na capacidade, ou talvez na possibilidade de, reconhecer a vida tal como ela se mostra e, na anuência destes processos, fazer-se digno de agir de acordo com isso e realizar plenamente a sua própria existência. De novo, novamente, incansável e apaixonadamente, desejoso de estar no mundo e dele sentir o devir e ocaso de tudo, no eterno ballet de “cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indizivelmente pequeno e de grande” feliz de, conhecendo o mundo como ser inserido neste, se faz digno e feliz de poder tal como não posso, agora, menino, decifrar o mistério do Eterno Retorno, cortejar a existência como seu amante fiel, maduro e ciente de tudo o que está em jogo e aceitando em seu leito tudo aquilo que a vida, amada, tem para nos oferecer.

.:: Rodrigo Sinoti ::.

Cartola, Nietszche e o sentido trágico da existência.

Acontece


Esquece o nosso amor,
vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece

E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.

Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.

Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.

Cartola





Este ensaio não visa de forma alguma uma análise da obra de Cartola, nem sequer de uma música, seja pela perspectiva do autor mesmo ou de algum comentarista. Nem mesmo sei ao certo se presta para uma análise, comentário ou aclaramento, mesmo que superficial, acerca de conceitos expressos e advindos da filosofia de Friederich Nietzsche ou de qualquer outro filósofo prévio ou posterior ao Professor da Basiléia. Busca sim, através de uma música de Angenor de Oliveira, vulgo Cartola, de nome Acontece, associadas à pensamentos em mim produzidos graças ao parco estudo da obra de Nietzsche e alguns outros autores da genealogia filosófica que nos precede enquanto amantes do saber, apresentar um ensaio cuja inserção conceitual prefiro deixar a cargo daqueles que hão de julgá-lo, os eventuais leitores, posto que a eles pertence o que quer que seja produzido em suas mentes quando desta leitura. Trago aqui, somente, os pensamentos produzidos em mim pela afecção conjunta da leitura e da apreciação musical dos referidos autores, reivindicando para mim as associações criadas entre a canção e a filosofia, eximindo o músico em questão de qualquer tentativa de inserir em sua obra qualquer conceito filosófico formal. O mesmo já não posso fazer com relação a Nietzsche, uma vez que conceitos estéticos por ele elaborados foram, senão a coluna cervical daquilo que me leva a produzir esse ensaio, pelo menos o trampolim através do qual me lanço para poder compartilhar parte de minha subjetividade e compreensão do real. Meu olhar, produtor de interjeições, associações, relações e críticas, trouxe-me estes pensamentos e, tal como o devir, o brotamento necessário e incessante da totalidade do real, essência trágica do mesmo, de que pretendo falar aqui, trago a necessidade pungente da produção deste ensaio. Que de início, por sua temática já é deveras complexo devido aos elementos que se mesclam para dar face às impressões que aqui trago, a música, o samba em especial, posto que este gênero é produtor em mim de um sentimento mui especial, e a filosofia do já referido autor, controversa por natureza. Porém há, nesta mescla, um fator que se não foi por mim deliberadamente deixado de lado, gentilmente pedi licença para não me concentrar nele uma vez que sua natureza é por demais complexa e geradora de sentidos que não são aqueles que aos quais me foco aqui. Me refiro ao amor, indiscutivelmente um tema da maior importância, mas que não me sinto aqui, filosoficamente, habilitado para construir uma articulação satisfatória, ao meu ver, junto com a temática principal deste ensaio, a saber o sentido trágico da existência e a postura do homem perante tal. Por momentos temi que estas linhas soassem frias por utilizar uma obra que, mesmo trazendo em si, em minha percepção, um olhar trágico sobre o mundo, trás também e em uma posição infinitamente superior o amor como insígnia, mesmo ao se referir ao término do mesmo. O músico nos dá uma mostra de um amor que se finda e ainda assim permanece, transformado sim, mas ausente nunca. E esta permanência, percebo como sendo não uma amostra de um comportamento trágico mas a própria essência do trágico enquanto persistência, necessidade e eterno devir.

A emergência do real, seu eterno brotamento e acontecimento são constituintes do caráter trágico da existência e, porque não dizê-lo, talvez até mesmo constituam a sua essência. O devir enquanto eterno brotar, são perceptíveis na vida do homem através da seqüência incessante dos acontecimentos, encadeados ou não, súbitos ou esperados, que ocorrem no decorrer da duração de sua vida. Tudo, no mundo, acontece. A inevitabilidade desse fato que muito angustia o homem leva-o à busca do controle desse brotamento, seja pela força da ciência, que desde o seu surgimento se propõe a buscar o domínio dessa fluência, buscando verdades últimas e únicas que contém em si a idéia de domínio desse fluxo, impossível na prática e em essência. O mensurar, postular, legislar ou, de forma mais palatável, porém igualmente falaciosa, o conhecer o mundo, propõe que o homem possa ter maior domínio, ou menor afecção causada pela inevitabilidade dos acontecimentos que o atormentam incessantemente. Pois o homem busca, acima de todas as coisas, não sofrer e por isso, todas as manobras necessárias para mitigar a dor e sofrimento são tidas como válidas e até mesmo como possuidoras de um valor de verdade que, senão falso, é pelo menos tendencioso e por isso não fala de forma alguma do mundo enquanto tal, mas sim da perspectiva do homem enquanto ser temeroso e fraco por ser plenamente dessintonizado e desconectado desse mundo que busca conhecer.

O conceito estético da concepção “trágica” de mundo, como diz Nietzsche, consiste na “afirmação da vida até em seus problemas mais árduos e duros; a vontade de viver, regozijando-se no sacrifício de nossos tipos mais elevados ... O fim da tragédia não é desembaraçar-se do medo e da Piedade… mas realizar-se em si mesmo, acima do medo e da piedade, é a eterna alegria que leva em si o júbilo do aniquilamento.” Desta forma, a postura trágica deve sempre contemplar os acontecimentos da forma que ocorrem e produzir respostas à altura do mesmo, independente de sentimentos de piedade e morais no sentido de condescendência para com os outros. Há de existir o total respeito à forma com que cada coisa acontece. Em termos dos nossos tempos, a título de exemplo, a postura perante o amor, valor tido em mais alta conta e muitas vezes como valor supremo sendo, neste caso, inteiramente contrário ao sentido trágico, pode parecer contraditória se seu fim, o amor que se acaba, for enfrentada com a tranquilidade e serenidade de alguém que simplesmente constata algo que se mostra, um dado, um acontecimento dentre tantos outros ocorrentes em nossa vida, ainda que contenha em si, como Cartola tão brilhantemente nos presenteia, um amor transformado, um carinho que permance e com isso mostra um exemplo da dinâmica da vida em se manter enquanto princípio de transformação, já não mais amor, em sua forma tradicional. Portanto, simplemente acontece que já não mais se ama, finda-se um sentimento da mesma forma e com a mesma naturalidade que se finda uma vida, uma fala ou uma história. De um amor que finda e da forma que um dos amantes se coloca perante isso é que desejo retirar um exemplo de um modo de vida trágico que, ciente da dor, do desprazer e até mesmo da falta de causalidade, mantém-se fiel ao sentimento, ou à transformação deste e nisso, nesse acontecimento, pauta suas ações, buscando estar de acordo com a vida tal qual ela se mostra, e é. Mesmo da dor que se prevém pelo fim de um amor, a inevitabilidade do terminar, o ocaso da paixão se impõe como fator determinante evidenciando a fidelidade maior do amante; o sentimento e não a pessoa amada. Pois quem ama, ama o amar que sente pela pessoa, e é isso que atribui o valor tão importante à pessoa amada, ela é o alvo do sentimento, logo este concede àquela o valor que possui. De outra forma, o não respeito ao fim do sentimento pode fazer com que o mesmo, outrora prazeiroso, anseoso pela eternidade, com a mesma legitimidade e necessidade torne-se vicioso e desagradável, inexistente ou simplesmente saudoso, tornando se desconectado, um rio sem mar.

A fidelidade do homem para consigo é determinante na estética trágica. Nada pode, deve ou ocorrerá que não esteja em sintonia com o aquele que sente. Não pode, não quer e não irá o homem trágico comportar uma existência que não satisfaça aquilo que a vida trás ao acontecimento. É sempre a vontade que conduz o homem, seja ele trágico ou não. Ao homem não é dado fazer o que não quer, seja qual for o grau de escolha que tenha, que seja mais ou menos evidente, sempre há a escolha. O que escolher, como conduzir suas ações, sempre foi assunto em voga, seja naqueles que crêem na estaticidade da existência, seja naqueles que ouvindo ao lógos antes de si mesmo, ou seja, estando em sintonia com a emergência e necessidade de tudo que vem a ser. O que e como escolher sempre foram preocupações vivas no homem. Aquele que sabe ouvir, não às morais do homem, escravas de sua necessidade de controle e sobrevivência, mas, como disse o dualista, “ao lógos, que diz que tudo é um”, sabe viver de acordo com o infindável brotar da existência e se faz amante e cúmplice deste brotamento, não permitindo a inverdade de um sentimento que não tem espaço, que não se faz vontade suficiente para conquistar seu lugar no tecido existencial comum. Mesmo que o corte, o impedimento de tal coisa produza dor, sofrimento, que são, em última análise, inerentes à existência. Diz para si: “Se ainda pudesse fingir que te amo. Ah se eu pudesse. Mas não quero, não posso fazê-lo. Isso não acontece.” Deseja dizer que ama porquê já amou um dia, porém não quer dizê-lo porquê já não ama mais e não o pode por que o acontecimento desta inverdade não vem a ser.

Não há no sentido trágico da vida espaço nem para a impedosa caridade cristã nem para o paralizado sentido de verdade, sintoma de decadência, desejo de planificação e de satisfação do mediano e do comum. O trágico da existência se mostra como força, como emergência e como necessidade. É sábio reconhecer isso e perigoso não compreendê-lo, sobretudo quando vivemos sob a égide da moral cristã que arrasta o homem para a piedade porém não o levanta para a felicidade. Que permite o sofrimento como forma de purificação, quando esta só é possível quando há junto de si sentido, fidelidade e compreensão do homem com o mundo que se desfralda diante de si.



.::Rodrigo Sinoti::.

11.02.2006

rascunhos a serem desenvolvidos, ou variações sobre o mesmo tema.

Um pensamento que me ocorre: o que seria do mundo sem a compreensão humana...

Um momento que vivo: pouco tempo para dormir, Os momentos de vigília alterno entre a euforia da descoberta e a análise dos gerúndios que me cercam, sem dormir. Em pé sem cair, deitado sem dormir e sentado sem cochilar.

Uma expectativa: manter as coisas como estão, modificando como dá.

Uma certeza que persiste: pro diabo com o princípio da não-contradição.

Uma nota de pé de página: Hoje todos os ônibus levam ao cemitério. Repare nas placas num dia 02 de novembro.

10.30.2006

Trainspotting

Choose Life.
Choose a job.
Choose a career.
Choose a family.
Choose a fucking big television,
choose washing machines, cars,
compact disc players and electrical tin openers.
Choose good health, low cholesterol, and dental insurance.
Choose fixed interest mortage repayments.
Choose a starter home.
Choose your friends.
Choose leisurewear and matching luggage.
Choose a three-piece suite on hire purchase in a range of fucking fabrics.
Choose DIY and wondering who the fuck you are on a Sunday morning.
Choose sitting on that couch watching mind-numbing, spirit-crushing
game shows, stuffing fucking junk food into your mouth.
Choose rotting away at the end of it all, pishing your last in a miserable home, nothing more than an embarrassment to the selfish, fucked up brats you spawned to replace yourself.

Choose your future.

Choose life.


John Hodge


Yeah, choice is a bitch and we´re all her children.

7.21.2006


Deus, que é pai, salve Allan Sieber!!!

7.11.2006

Os Clássicos são eternos


Os clássicos são eternos em audiovisual tb...

Infância róquenrou


Quando se é criança, até o Rock and Roll parece perfeito.
Com vocês, the hottest band in the world,The Electric Mayhem!!!!

6.30.2006


Um pouco de Al Pacino interpretando você num dia de mau humor...

Sexy thing



Manhê, olha lá o que eu quero ser quando crescer!!!


A-berração...

Revolta da caneta


Como a pena já não me apetece e tenho estado interessado em outros esportes digitais que não a digitação propriamente dita, vem aí uma série de vídeos absurdos, ridículos, cômicos, tragicômicos e radicais.

Caso ofenda alguém, sinto muito, você veio aqui porque quis.. não dou garantia, não troco a mercadoria e devolver o dinheiro nem pensar....

Perca a cabeça se puder...

3.30.2006

Um pé na bunda pras estrelas.



É com grande prazer que este velho rabugento que vos escreve anuncia a já não tão nova notícia de que finalmente conseguimos mandar um brasileiro pro espaço... já que pra puta que o pariu já não mais funcionava, muito menos pra cadeia, uma vez que ele não roubou galinha alguma.

Já que provamos que, com o devido equipamento, um militar treinado pode sobreviver no vácuo sideral, agora passamos para a segunda etapa do projeto e vamos ver como se comporta um político corrupto ou celebridade acéfala, sem equipamento algum, soltinho em órbita, no frio e gelado vazio exterior. Se der certo continuamos mandando gente até que o volume de lixo espacial seja tanto que afete nossas telecomunicações.

Por isso, me sinto muito feliz de iniciar a temporada de CAMPANHAS neste mal traçado blog e peço a todos os coitados que chegarem a ler isso que deixem um comentário dizendo as cinco personalidades nacionais, internacionais e alienígenas que gostariam de ver, não a olho nú, claro, rodando em órbita só de sunguinha ou biquini, pegando um bronze nas tempestades solares.

Vou dar a largada nos comments. Para ver a minha listinha de I-juca Piramas, acesse os comments desta josta. Qualquer dia eu bosto o resultado da campanha e a gente parte pra catar os felizes ganhadores e meter na catapulta de lançamento.

Boa sorte pra eles e os satélites que se danem com o cheiro que vai ficar lá em cima.